Tuesday, May 10, 2005



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As bolas de sabão que esta criança
Se entretêm a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda,
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa
Pretende que elas são mais do que parecem ser.

Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer coisa se aligeira em nós
E aceite tudo mais nitidamente

“Alberto Caeiro”

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