Tuesday, July 05, 2005


"The Path"
Anne Sudworth

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São mortos os que nunca acreditaram
Que esta vida é somente uma passagem
Um atalho sombrio, uma paisagem
Onde os nossos sentidos se pousaram.

São mortos os que nunca a levantaram
De entre escombros a Torre de Menagem
Dos seus sonhos de orgulho e de coragem,
E os que não riram e os que não choraram.

Que Deus faça de mim, quando eu morrer,
Quando eu partir para o Pais da Luz,
A sombra calma de um entardecer,

Tombando, em doces pregas de mortalha,
Sobre o teu corpo heróico, posto em cruz,
Na solidão dum campo de batalha!

“Alberto Caeiro”

Tuesday, June 28, 2005



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E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas suas tábuas!...

Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!...
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e esta sempre bem e é sempre a mesma

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira.
E olho para as flores e sorrio…
Não sei se elas me compreendem
Nem se eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao colo pelas Estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos
E não termos sonhos no nosso sono.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, June 21, 2005



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XLVII

Num dia excessivamente nítido,
Dia em que dava a vontade de ter trabalhado muito
Para nele não ter trabalhado nada,
Entrevi, como uma estrada por entre a s arvores,
O que talvez seja o Grande Segredo,
Aquele Grande Mistério de que os poetas falsos falam.

Vi que não há natureza,
Que a Natureza não existe,
Que há montes, vales, planícies,
Que há arvores, flores, ervas,
Que há rios e pedras, mas que não há um todo a que isso pertença,
Que um conjunto real e verdadeiro
È uma doença das nossa ideias.

A Natureza é partes sem um todo.
Isto é talvez o tal mistério de que falam.

Foi isto o que sem pensar nem parar,
Acertei que devia ser a verdade
Que todos andam a achar e que não acham,
E que só eu, porque a não fui achar, achei.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, June 14, 2005



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Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo as vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer;
Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras a ideia
E não precisar de um corredor
Do pensamento para as palavras

Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despri-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Cairo,
Mas um animal humano que a natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o descobridor da natureza.
Sou o argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são quase cinco do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos

“Alberto Caeiro”

Tuesday, June 07, 2005



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Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do universo…
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura…

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha aldeia no cimo deste outeiro
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, May 31, 2005


"Peace girl"
Emilie Maersk, with a peace sign painted on her face, is taking part in a demonstration in front of the US Embassy in Copenhagen, Denmark, in a protest against a possible US-led war on Iraq, Saturday March 15, 2003. Some 5,000 people took part in the demonstration.

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Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas,
Brica na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma coisa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.

O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
Brinca! Pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, May 24, 2005



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Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo da Realidade,
E quando digo «isto é real», mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

Ser real que dizer não estar dentro de mim.
Da minha pesssoas de dentro não tenho noção da realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.

Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que a existência interior do dono da casa branca,
Creio mais no meuu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realiade.
Podendo ser visto por outrso,
Podendo tocar em outros
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser defenida em termso de fora.
Existe para mim- nos momentos que julgo que efectivamente existe –
Por empréstimo da realidade exterior do Mundo.

Se a alma é mais real
Que o mundo exterior, como tu, filosofo, dizes
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo de realidade?

Se é mais certo sentir
Do que existir a coisa que sinto-
Para que sinto
E para que essa coisa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-proprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coicidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.

E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas
Coisa por coisa, o mundo é mais certo.

Mas porque me interrogo, senão porque estou doente?

Nos dias certos, nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim,
Mas) tão sublimemente não meu.

Quando digo «é evidente», quero acaso dizer «só eu é que o vejo»?
Quando digo «é verdade», quero acaso dizer «é a minha opinião»?
Quando digo «ali está», quero acaso dizer «não esta ali»?
E se isto é assim na vida, porque será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro facto merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interiormente somos exteriormente.
Por isso somos exteriormente essencialmente.

Dizes, filosofo doente, filosofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?

“Alberto Caeiro”

Tuesday, May 17, 2005



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Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada
E que para de onde veio volta depois
Quase a noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças – tinha só que ter rodas…
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco…
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, May 10, 2005



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As bolas de sabão que esta criança
Se entretêm a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda,
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa
Pretende que elas são mais do que parecem ser.

Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer coisa se aligeira em nós
E aceite tudo mais nitidamente

“Alberto Caeiro”

Tuesday, May 03, 2005



"Stardust Piano"

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Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as arvores fazem…

Para que é preciso um piano?
O melhor é ter ouvido
E amar a natureza

“Alberto Caeiro”

Tuesday, April 26, 2005



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Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não esta e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrara é não ver

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

“Alberto Caeiro”

Tuesday, April 19, 2005



"Marine Waiting For Flight"
Date Photographed: February 25, 1968
Location Information: Khe Sanh, South Vietnam
Bettmann


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A Guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer coisas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixei existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as coisas pré-humanas, mesmo no homem
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!

“Alberto Caeiro”

Tuesday, April 12, 2005


“Sand Falling Through Hand”

Doug Crouch


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Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando…

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira…

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo…

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e estimasse…

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena…

“Alberto Caeiro”

Tuesday, April 05, 2005



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O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
E aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…

Creio mais no mundo como um malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…

“Alberto Caeiro”

Tuesday, March 29, 2005


"Pieta" - 1498-99 - Marble - 174 x 195 cm - 5 3/4 x 6 ft
Basilica of St Peter, Vatican

Michelangelo


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Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo…
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima…
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor -
Tu não me tiraste a Natureza…
Tu mudaste a Natureza…
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, March 22, 2005


"Singin' in the Rain"

Fairbanks Light Opera Theatre and Theatre UAF


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Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Amanha virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, March 08, 2005


5 planets - May 9th - 2002 - Ft. Davis.


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Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

“Alberto Caeiro”

Tuesday, March 01, 2005


“Iris Jaunes et Mauves” - 1924-25 - 106x155 cm

Claude Monet


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O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?

O essencial é saber ver.
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.

Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhe chamamos estrelas e flores.

"Alberto Caeiro"

Tuesday, February 15, 2005


"He Ubiquitous Mr. Lovegrove"

Dead Can Dance - Into the Labyrinth


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Quando vier a Primavera
Se eu já estiver morto.
As flores florirão da mesma maneira
E as arvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.

Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar a roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

“Alberto Caeiro”